O julgamento do ex-agente do IRS (Receita Federal dos Estados Unidos), Brendan Michael Banfield, acusado por duas mortes em fevereiro de 2023 na Virgínia, está marcado para começar em 20 de outubro de 2025, com previsão de quatro semanas de duração. A principal testemunha de acusação será a babá brasileira Juliana Peres Magalhães, que admitiu participação no true crime ao atirar contra Joseph Ryan. Juliana firmou acordo de cooperação com a promotoria para testemunhar contra o ex-amante. O caso se tornou um dos “true crimes” mais acompanhados do país em 2025, com atenção nacional e internacional.
Julgamento de Brendan Banfield: a ajuda de Juliana Peres Magalhães
Em depoimentos oficiais, Juliana, babá da família Banfield desde 2021, reconheceu ter mantido um relacionamento amoroso com Brendan Banfield e ter participado ativamente do planejamento do true crime. O modus operandi envolveu a criação de um perfil falso da esposa de Brendan em um site de fetiches, por meio do qual a vítima Joseph Ryan foi atraída até a mansão do casal, em Fairfax, Virgínia.
Juliana teve papel decisivo na execução do plano: enviava áudios se passando pela esposa, Christine Banfield, para garantir o encontro com Joseph. No dia do crime, ela levou a criança do casal para o porão, afastando-a da cena do crime. Brendan atacou a esposa com facadas múltiplas enquanto Joseph foi morto por disparo na cabeça. Juliana também disparou contra Joseph enquanto ele ainda se mexia, conforme relatos oficiais.
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Após a ação, ambos tentaram simular uma legítima defesa, mas a decisão de Juliana de cooperar com a Justiça a tornou peça-chave da acusação.
Prova digital e as versões da acusação e da defesa
A investigação, conduzida pela polícia do Condado de Fairfax, reuniu provas substanciais incluindo mensagens de texto trocadas entre Juliana e Brendan, gravações de áudio falsas enviadas para atrair Joseph Ryan e imagens das câmeras de segurança da residência que ajudaram a reconstruir a dinâmica do crime. Tais evidências permitiram esclarecer o papel de cada um dos envolvidos e cimentaram a carga probatória contra os réus.
Prisão e acordo judicial de Juliana Peres Magalhães
Juliana foi presa em 19 de outubro de 2023, após a polícia reunir provas suficientes para seu indiciamento por homicídio em segundo grau e uso ilegal de arma de fogo. Seu acordo judicial prevê pena máxima de até 10 anos, condicionada à sua adesão contínua à cooperação com o Ministério Público no julgamento de Brendan Banfield. Desde a prisão, permanece sob custódia das autoridades locais.
Situação processual de Brendan Banfield
Brendan enfrenta acusações de homicídio qualificado duplo, incluindo agravantes de arma de fogo e premeditação, podendo ser condenado à prisão perpétua. Inicialmente, seu julgamento estava previsto para fevereiro de 2025, mas foi adiado para outubro. A defesa contesta veementemente as declarações de Juliana, argumentando que suas versões são parciais e motivadas por interesses pessoais na redução da pena.
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Além das acusações relacionadas ao duplo homicídio, Brendan enfrenta indiciamentos por maus-tratos infantis e abuso, gerando um quadro processual complexo.
Repercussão pública e expectativas para o julgamento do True Crime
O caso ganhou ampla repercussão, sobretudo pelo entrelaçamento dramático entre relações extraconjugais, traição e violência extrema dentro de um ambiente familiar. A atuação de Juliana Peres Magalhães como testemunha principal da acusação mantém o julgamento sob intenso interesse midiático, configurando-se como um momento decisivo para o esclarecimento dos fatos.
True Crime e jornalismo investigativo: conexões e riscos
A expectativa é de semanas intensas no tribunal, com a apresentação de perícias, análises das evidências digitais e cruzamento de depoimentos que devem revelar a fundo o true crime que resultou nas mortes de Christine Banfield e Joseph Ryan.
Em vídeo, babá narra “plano fetichista” e aponta Brendan como mentor
Gravação feita em 25 de outubro de 2024 mostra Juliana Peres descrevendo aos promotores do caso como, segundo ela, Brendan Banfield criou um perfil no site fetichista FetLife e atraiu Joseph Ryan para a casa da família; a defesa contesta e diz que quem usou o computador foi Christine.
No depoimento, prestado de macacão de custódia e ao lado de sua defesa, Juliana diz que o então amante, Brendan Banfield, “queria tirar a esposa de cena” e que foi ele quem desenhou o “manual” do crime, atribuindo a ele a criação de um perfil falso de Christine no FetLife para fisgar um homem disposto a sexo violento — que, segundo o Ministério Público de Fairfax, seria Joseph Ryan.
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Juliana afirma que ela e Brendan interagiam com Ryan “se passando por Christine”. É a ponta do fio que a imprensa local e o tribunal apelidaram de “teoria do catfish”.
O contraditório (e a disputa pericial)
A defesa de Banfield nega que ele tenha criado a conta e sustenta que era Christine quem usava o computador — versão que ganha fôlego com o depoimento de um detetive perito digital, que disse ter analisado todos os dispositivos e concluído que o acesso partiu do computador de Christine. O detetive relatou ainda ter sido removido do caso contra a vontade, tema que a defesa do réu usa para questionar o caminho da investigação.
Preparação: tiros no estande e “janelas silenciosas”
Questionada no vídeo, Juliana diz que, enquanto conversavam com Ryan, Brendan a levou a um estande para aprender a atirar — registros do local mostram os dois praticando duas vezes nos meses anteriores ao crime. Ela também descreve que Banfield trocou as janelas da casa por modelos “caros e com maior isolamento”, e que a fez testar a vedação: ele gritava do quarto enquanto ela ficava na garagem; “mal ouvia”, disse.
O dia 24 de fevereiro de 2023, segundo Juliana
No dia do crime, o plano — conforme relatado por Juliana — previa que Christine estaria sozinha quando Joseph Ryan chegasse ao quarto. Juliana afirma que Brendan Banfield fingiu sair para trabalhar e ficou a apenas seis minutos da residência. Ela levou a filha do casal para o carro, ligou para Brendan ao avistar Ryan na garagem, e os dois entraram correndo na casa, simulando a invasão de um “intruso”. Segundo Juliana, Christine estava dormindo — cenário “combinado” com Ryan como parte do “jogo sexual”. “O que aconteceu no quarto foi quase exatamente o que Brendan havia planejado”, relata.
O “jogo sexual”
No “jogo sexual”, Christine deveria fingir estar em perigo, com Ryan desempenhando o papel de agressor — tudo parte de uma fantasia sexual combinada entre os envolvidos. Juliana relatou que Christine estava dormindo durante o dia e não tinha conhecimento do plano, o que reforça a tênue linha entre a encenação sexual e a execução do crime, conforme as investigações oficiais.
O ataque no quarto
Quando Brendan e Juliana chegaram ao quarto onde Christine estava, Ryan a atacava conforme o plano, supostamente como parte do “jogo sexual” articulado entre eles. Juliana relatou que o ataque foi encenado para que Christine fingisse estar em perigo, dando coerência à fantasia planejada. No entanto, o que se passou rapidamente se tornou um crime real e violento: Christine foi esfaqueada, enquanto Ryan foi morto a tiros. Juliana detalhou que, durante o ataque, também disparou contra Ryan enquanto ele ainda se movia, rompendo a frágil linha entre a encenação e a execução do duplo homicídio.
Após os ataques
Depois que Christine foi esfaqueada por Brendan e Ryan baleado por ele, Juliana ligou para a polícia e apresentou uma versão combinada para as mortes: Ryan teria esfaqueado Christine como parte do “jogo sexual” e Brendan, para defendê-la, matou o agressor. Essa versão foi posteriormente desmontada por perícias e pela confissão de Juliana, que apontou Brendan como o verdadeiro agressor de ambos.
A versão do marido e amante
A versão de Brendan, difundida por sua defesa, sustenta que o duplo homicídio ocorreu em legítima defesa durante um “jogo sexual” consensual. Segundo essa narrativa, Brendan e Juliana teriam encontrado Ryan durante a fantasia fetichista combinada, na qual Christine fingia estar em perigo enquanto Ryan desempenhava o papel de agressor. Brendan alega ter agido para proteger a esposa ao disparar contra Ryan, que teria iniciado a agressão com uma faca.
A defesa reforça que Brendan negou envolvimento premeditado na morte de Christine e que todas as ações ocorreram em reação a uma situação inesperada e violenta, ressaltando que não planejava o assassinato. Além disso, insiste que o perfil falso no site FetLife foi criado por Christine, e que Brendan não teve participação nessa busca fetichista. Brendan e sua defesa também questionam a confiabilidade das declarações de Juliana, alegando que ela busca reduzir a própria pena.
